Processing math: 35%

Referências:

[1] Guidorizzi, H.L., Um Curso de Cálculo, vol. 1, LTC. 5ª ed.

[2] Silva, L., Santos M., Machado, R., Elementos de Computação Matemática com SageMath, SBM, 2019.

Observação:

Nota de aula produzida usando o software SageMath, usando o notbook Jupyter.

Use o SageMathCell com vários exemplos em: sagectu.com.br/sagecell.html

1 - Preparação para o Teorema do Valor Médio (TVM)

Teorema 1.1: (Teorema de Weierstrass)


Seja f uma função contínua em [a,b], então existem x1 e x2 em [a,b] tais que

f(x1)f(x)f(x2)     x[a,b].

In [33]:
df = diff(x^3-10*x^2+50)
solve(df==0, x)
Out[33]:
[x == (20/3), x == 0]
In [2]:
weierstrass()
Out[2]:

Demonstração:


Veja págino 81 do livro: Análise Real Vol 1. Elon Lages Lima.

Teorema 1.2: (Teorema de Rolle)


Seja f uma função contínua em [a,b], derivável em (a,b) com f(a)=f(b), então existirá pelo menos um c(a,b) tal que f(c)=0.

In [49]:
rolle(x^2-2*x+1.2, 1, (0.5, 1.5), (-0.1, 0.6))
Out[49]:

Demonstração:


Caso 1:
f é constante em [a,b].

Neste caso f(x)=0 em (a,b), logo, para qualquer c(a,b), temos f(c)=0.

Caso 2: f não é constante em [a,b].

Como f é contínua em [a,b], pelo Teorema de Weierstrass, existem x1 e x2 em [a,b], tais que f(x1) e f(x2) são, respectivamente, os valores mínimo e máximo de f em [a,b]. Como f não é constante, temos f(x1)f(x2) e como f(a)=f(b), necessariamente x1 ou x2 pertence a (a,b). Daí, como a derivada nos pontos de mínimo e máximo são iguais a zero, temos f(x1)=0 ou f(x2)=0. Portanto, existe c em (a,b) tal que f(c)=0.

2 - Teorema do Valor Médio (TVM)

Teorema 2.1: (Teorema do Valor Médio (TVM))


Se f for contínua em [a,b] e derivável em (a,b), então existirá pelo menos um c em (a,b) tal que

f(c)=f(b)f(a)ba

Demonstração:


Considere a função g(x), com x[a,b], dada por

g(x)=f(x)(f(a)+f(b)f(a)ba(xa))

Observe que g(a)=g(b) e que

g(x)=f(x)f(b)f(a)ba.

Pelo Teorema de Rolle, existe c(a,b) tal que

g(c)=0

Ou seja,

0=f(c)f(b)f(a)baf(c)=f(b)f(a)ba.

Exemplo 1:


Gráfico da função f(x)=x3x2 no intervalo (0.7,1.4) com dois valores c, tais que

f(c)=f(1.4)f(0.7)1.4(0.7)

In [9]:
f = x^3-x^2
sol = solve( diff(f, x) == (f(1.4)-f(-0.7))/(1.4-(-0.7)),x )
show(sol)
n(sol[0].rhs()), n(sol[1].rhs())
Out[9]:
(-0.273113513288675, 0.939780179955342)
In [172]:
anime_grafico_f_tan_tvm(x^3 - x^2, 0.025, (-0.7, 1.4), (-1, 1))

3 - Aplicações do TVM:

Intervalos de Crescimento e de Decrescimento


Como Consequência do TVM temos o seguinte teorema:

Teorema 3.1


Seja f contínua no intervalo (a,b).

a) Se f'(x)>0 para todo x \in (a,b), então f será estritamente crescente em (a,b).

b) Se f'(x)<0 para todo x \in (a,b), então f será estritamente decrescente em (a,b).

Demonstração:


a) Já que f'(x)>0, \forall x \in (a, b), sejam, c, d \in (a, b), com c<d. Vamos mostrar que f(c)<f(d).

Como f satisfaz as hipóteses do TVM, existe \tilde{x}\in (c, d) tal que

f(d)-f(c) = f'(\tilde{x})(d-c).

Como f'(\tilde{x})>0, pois \tilde{x}\in (a,b) e d-c>0, segue

f(d) - f(c) > 0 \Rightarrow f(c)<f(d).

Portando, como a escolha de c < d, foi arbitrária, o resultado segue.

\blacksquare

Exemplo 3.1


Determine os intervalos de crescimento e de decrescimento de f(x) = 2x^3-x^2+3x+1. Esboce o gráfico.

\blacksquare

Solução do Exemplo 3.1

f'(x) = 6x^2-2x+3

e

6x^2-2x+3 = 0 \Leftrightarrow x = \frac{1}{3} \text{ ou } x = 3.

Como o gráfico de f'(x) é uma parábola, sabemos que

\begin{cases} f'(x)>0 & \text{ em } \left(-\infty, \frac{1}{3}\right)\cup \left( 3, +\infty \right) \\ f'(x)<0 & \text{ em } \left(\frac{1}{3}, 3 \right) \end{cases}

Como f é contínua, pelo Teorema 3.1, temos

\begin{cases} f \text{ é estritamente crescente em } \left(-\infty, \frac{1}{3}\right)\cup \left( 3, +\infty \right) \\ f \text{ é estritamente decrescente em } \left(\frac{1}{3}, 3 \right) \end{cases}
\blacksquare

In [50]:
df = diff(2*x^3-x^2+3*x+1, x)
df.show()
In [19]:
show(solve(df==0, x))
In [51]:
plot(x^3-5*x^2+3*x+1, (-4, 8))
Out[51]:

Exercício 3.1

Determine os intervalos de crescimento e de decrescimento de

f(x) = \dfrac{x^2-x}{1+3x^2}.

Esboce o gráfico.

\blacksquare

In [57]:
plot((x^2-x)/(1+3*x^2), (-2, 2), aspect_ratio=1)
Out[57]:

Concavidade e Pontos de Inflexão

Definição 3.1 (Concavidade)


Sejam f uma função derivável no intervalo (a,b) e T_p(x) a reta tangente em (p, f(p)) ao gráfico de f, p\in (a, b).

a) Dizemos que f tem concavidade para cima em (a, b) se

f(x)>T_p(x)

para quaisquer x e p em (a, b), com x\neq p.

b) Dizemos que f tem concavidade para baixo em (a, b) se

f(x)<T_p(x)

para quaisquer x e p em (a, b), com x\neq p.

\blacksquare

In [60]:
rolle(x^3-x^2, 1, (-0.7, 0.5), (-1, 1))
Out[60]:

Definição 3.2 (Ponto de inflexão)


Sejam f uma função e p\in D_f, com f contínua em p. Dizemos que p é ponto de inflexão de f se existem a, b \in D_f, com p\in (a, b), tal que as concavidades de f em (a, p) e em (p, b) sejam opostas.

\blacksquare

In [65]:
p1 = plot(x^3+1)
p2 = plot(1, color='red')
(p1+p2)
Out[65]:
In [70]:
p1 = plot(sin(x), (-2, 2), aspect_ratio=1)
p2 = plot(x, color='red')
(p1+p2)
Out[70]:

Teorema 3.2


Seja f uma função que admite derivada até 2ª ordem no intervalo (a, b).

a) Se f''(x)>0 para x \in (a,b), então f terá concavidade para cima em (a, b).

b) Se f''(x)<0 para x \in (a,b), então f terá concavidade para baixo em (a, b).

Demonstração:


a) Sejam f''(x)>0 para x \in (a,b) e p \in (a, b) arbitrário. Vamos mostrar que

f(x)>T_p(x),

para todo x\in (a, b), com x\neq p, na qual, T_p(x) = f'(p)(x-p)+f(p).

Considere g(x) = f(x)-T_p(x), logo

g'(x) = f'(x)-f'(p), ~~ x\in(a,b),

pois T_p'(x) = f'(p). Como f''(x)>0 em (a, b), pelo Teorema 3.1, f' é estritamente crescente em (a, b). Então,

\begin{cases} g'(x)>0, & \text{para } x>p \\ g'(x)<0, & \text{para } x<p. \end{cases}

Mais uma vez pelo Teorema 3.1,

\begin{cases} g(x) \text{ é estritamente decrescente para } x<p, \text{ com } x\in (a, b)\\ g(x) \text{ é estritamente crescente para } x>p, \text{ com } x\in (a, b). \end{cases}

Como g(p)=0, temos g(x)>0 para todo x\in(a, b), x\neq p.

E como g(x) = f(x) - T_p(x), temos

f(x)>T_p(x) \text{ para todo } x\in(a, b), x\neq p.
\blacksquare

Exemplo 3.2


Estude a função

f(x) = x^3-3x^2-9x

com relação à concavidade e pontos de inflexão.

\blacksquare

Solução

f''(x) = 6x-66x-6 = 0 \Leftrightarrow x = 1 \begin{cases} 6x-6>0, & \text{para } x>1\text{. Concavidade para cima em } (1, +\infty) \\ 6x-6<0, & \text{para } x<1\text{. Concavidade para baixo em } (-\infty, 1) \\ 6x-6=0, & \text{Ponto de inflexão em } x=1. \end{cases}
\blacksquare

In [29]:
f = x^3-3*x^2-9*x
p1 = plot(f, (-3, 5))
p2 = plot( diff(f, x)(x=1)*(x-1) + f(1), (-0.5, 2.3), color='red')
(p1+p2)
Out[29]:

Exercício 3.2


Estude a função

f(x) = x^2+\frac{1}{x}

com relação à concavidade e pontos de inflexão.

\blacksquare

In [7]:
plot(x^2+1/x, (-3, 3), ymin=-6, ymax=6, detect_poles='show')
Out[7]: